sábado, 12 de setembro de 2009

Dimensão Y - Pt. 3


Data: 9 de Fevereiro de 1935

Sykes, o Assassino
As notícias do The Daily Mail indicam apenas que a mulher do Dr. Sykes foi encontrada pela criada, estrangulada no seu quarto (ver capítulo 2, A Reunião). O Dr. Sykes estava no seu escritório, calmo e sereno, a escrever à máquina. A princípio não se apercebeu do que se passara. O Inspector Alan Fix da Scotland Yard conseguiu determinar que a senhora fora estrangulada com um cordão do cortinado e que o Dr. Sykes era o culpado. O próprio admitiu não se recordar de nada mas depois de confrontado com o corpo, desfez-se em lágrimas, pronunciando-se culpado. Os investigadores começam a temer o pior: as pessoas envolvidas na experiência começam a sofrer efeitos secundários.

O Asilo do Dr. Vock
Finalmente, os investigadores obtêm uma entrevista com o Dr. Vock, no seu asilo, um edifício cinzento, com grades de ferro nas janelas e um aspecto tenebroso. O Dr. Vock é um homem germânico, alto, de cabelo grisalho e ondulado como uma juba de leão. As suas sobrancelhas unidas sobre o nariz e os olhos penetrantes dão-lhe um ar autoritário e algo selvagem. Na privacidade do seu escritório, o doutor convida os investigadores a sentarem-se.

David Fearn está, de momento, numa cela. O jovem parece ter sido acometido por uma psicose de origem desconhecida que despoletou um ataque violento contra o alvo mais próximo, neste caso, Lucy Vock. Apesar dos receios dos investigadores, Vock garante que não pretende vingar-se do jovem. Acima de tudo é um homem de ciência que sabe manter a frieza clínica perante os factos manifestos. Apesar de chorar a morte da sua mulher, Vock dá graças aos seus instintos teutónicos que lhe permitem manter uma certa dignidade calma.

Vock admite que fugiu da Alemanha quando os nazis subiram ao poder. A sua filosofia não era compatível com o clima político do país. Vock fugiu para Inglaterra onde viveu durante algum tempo, sem dinheiro e posses, na pensão da mãe de David Fearn. Foi aí que conheceu o jovem e desde logo criaram uma sólida amizade que tem sido mantida até ao presente. Ocorre a Vock que se os investigadores estão a investigar o que realmente se passou, se a máquina da Dimensão Y foi de facto a causadora do problema, então Vock pede-lhes que lhe comuniquem os resultados das suas pesquisas. David Fearn pode acreditar no poder da máquina ao ponto de ter sofrido uma qualquer sugestão que tenha despoletado uma psicose. Os pedidos para ver Fearn são recusados, uma vez que o jovem está a ser mantido sob sedativos. Sem qualquer outra questão em mente, os investigadores decidem sair.

Presumindo que talvez o laboratório onde a experiência inicial fora conduzida possa conter alguma informação adicional que lhes seja útil, os investigadores pedem ao Dr. Williams que os deixe examinar a máquina e os diagramas de construção.

A caminho do laboratório, Robert observa as ruas nebulosas de Londres. As formas das pessoas são quase indistintas. Apenas silhuetas esbatidas contra a cortina cinzenta de nevoeiro. Mas há algo mais... algo... que não deveria estar ali. Robert esforça a vista e começa a ver estranhas formas, a pairar sobre as pessoas. A princípio parecem nuvens mais densas mas cada uma movimenta-se como se por vontade própria. Quando começam a ficar mais distintas, Robert vê que não são nuvens de todo mas coisas semelhantes a bactérias que pairam no ar sobre cada pessoa que caminha nas ruas. Os seus tentáculos controlam as pessoas. E parecem aperceber-se que estão a ser observadas. Uma das criaturas "obriga" uma das pessoas a uma dança descontrolada como uma marioneta controlada por fios invisíveis. Um som horrível, como um guincho, arranha os ouvidos de Robert... uma gargalhada! Visivelmente abalado, Robert conta aos seus companheiros o que viu mas nenhum deles consegue ver o mesmo.

O Laboratório do Dr. Williams
A máquina ainda jaz inerte e inutilizada depois do fiasco inicial. O Dr. Williams tem estado ocupado a tentar reconstruí-la mas só agora se apercebe de quanto dependia o projecto do rapaz. David tinha, segundo as palavras de Williams, uma intuição extaordinária para a ciência e para este projecto em particular. Foi graças ao seu assistente que Williams conseguiu construir a máquina e, sem ele, talvez nunca o venha a fazer de novo, mesmo tendo criado grande parte dos diagramas.

Ao passar os olhos pelos registos do projecto, Rebecca apercebe-se que David foi o responsável pelas encomendas das peças. Nada de extraordinário, já que ele era o assistente de Williams mas estranho é o facto de David ter encomendado cópias adicionais de cada peça. Williams responde que nunca viu as peças adicionais já que o protótipo da experiência é único. Nesse momento, uma premonição de horror toma conta dos investigadores. E se David estivesse a construir a sua própria máquina? As peças adicionais permitiriam construir uma máquina maior e ainda mais sofisticada. Sem transmitir os seus medos a Williams, os investigadores retiram-se do laboratório. Começa a tornar-se imperativo saber onde David escondeu a máquina e se, de facto, o crime de Lucy Vock foi resultado da experiência ou algo mais.

O Passado de David Fearn
Robert está decidido a chegar ao fundo da questão, particularmente na associação de Fearn com Vock uma vez que é uma imensa coincidência o homicida da mulher de Vock ser o filho da dona da pensão onde Vock ficara após o seu exílio forçado. A pensão da Srª. Fearn fica num bairro de classe média. Uma fileira de casas iguais e cinzentas ergue-se de ambos os lados da rua. Os investigadores aguardam que a Srª. Fearn abra a porta, observando um grupo de crianças a brincar com piões no passeio.

A porta abre-se revelando uma senhora baixa e enrugada, envergando um vestido simples com um padrão de flores e uma cara exageradamente maquilhada tentado esconder futilmente as rugas. Uma grossa nuvem de fumo de tabaco envolve os investigadores e uma voz rouca pergunta quem são. A figura dos três e a limusina estacionada em frente do prédio cria na senhora alguma suspeição e antipatia. Para acalmar a animosidade da mulher, Clive sugere aos companheiros que seja ele a falar. A senhora crê que os investigadores vieram procurar qualquer coisa que pudesse incriminar ainda mais o seu filho e, por entre insultos, deixa bem claras as suas opiniões. Mas Clive consegue persuadi-la a deixá-los entrar, assegurando-lhe que apenas querem descobrir provas que exonerem o filho.

O quarto de dormir de David é um local obsessivamente limpo e organizado. Nada está fora do seu lugar e existem apenas os objectos necessários a uma vida frugal. Aos pés da cama encontra-se uma arca de metal militar onde David guarda parte da sua roupa incluindo o uniforme militar usado em França. Robert não pode deixar de reparar num pormenor à partida inócuo mas que pode ser um vislumbre da alma de David. Por cima da cama, o papel de parede tem uma marca formando a silhueta de uma cruz como se, durante muito tempo, ali tivesse estado pendurado um crucifixo, depois removido. Segundo Battle, David pode ter voltado da guerra com a fé estilhaçada. A sua mãe confirma que depois de voltar, David já não era o mesmo rapaz que ela conhecera.

Na cave do prédio, na sala da caldeira, os investigadores apercebem-se pela disposição do pó e de marcas de arrastamento que algo de volumoso fora ali guardado. A mãe de David responde que o filho guardava ali grandes caixas mas há alguns dias transportou-as para outro local. Sem dúvida as peças da máquina, pensam os investigadores. Sob um dos pés da caldeira, Battle encontra um papel rasgando. Escrito à mão, parece tratar-se de parte de um diário ou um excerto de um livro, com divagações obscuras e referências ao caos final, Azathoth, que ocupa o centro do universo e que existe numa dimensão contígua à nossa. As referências demasiado esotéricas escapam aos investigadores excepto a Rebeca.

Impulso Homicida
Nesse instante, a jovem tem uma epifania. Tudo se conjuga. Em silêncio dirige-se para a saída mas ao começar a subir as escadas para a rua, pára, pesando as consequências do seus actos. Os companheiros interrogam-se sobre o que se passa mas, não querendo alertar a mãe de David, retiram-se da pensão.

Rebecca conta aos companheiros a sua teoria: o verdadeiro culpado é o dono da galeria que ela costuma frequentar. Ele é um servidor do deus idiota e cego Azathoth que quer causar o fim do mundo, o caos final. Mas como pode ser, interrogam-se os companheiros. Rebecca afirma convicta que o homem entrou à socapa no laboratório do Dr. Williams, na noite antes da experiência, e alterou a máquina para transmitir os seus raios nefastos. O que a máquina faria ou como é que ele entrou no laboratório sem ser visto, ou mesmo qual o seu papel em tudo isto já que nada apontava para ele, Rebecca não sabe explicar, mas naquele instante, na cave da pensão, o impulso dela foi matar o homem.

Por insistência de Rebecca, os investigadores visitam a galeria mas nada se confirma. O dono é um homem simpático, sem qualquer aparente associação ao caso da máquina da Dimensão Y. Robert e Clive acalmam Rebecca e levam-na para sua casa. Mas Rebecca ainda não está convencida. Robert apercebe-se que as visões que têm sofrido controlam de alguma maneira as suas mentes e começam a ficar cada vez mais perigosas. Se os investigadores começam a ficar acometidos por impulsos homicidas, o melhor será prestarem atenção para que nenhum cometa um acto tresloucado.

A seguir: Dimensão Y - Parte 4

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