segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dimensão Y - Parte 1


Local: Londres

Investigadores: Clive Ashford, Rebecca Holmes, Robert Battle

Data: 6 de Fevereiro de 1935

O Convite
Cada um dos investigadores recebe, por correio, um convite do Dr. Polton Williams, cientista, convidando-os para uma experiência científica no seu laboratório para revelar a existência de uma até então desconhecida dimensão: a Dimensão Y.

Recapitulando os eventos dos últimos dias, o convite não foi de todo inesperado. Battle, antigo Inspector da Scotland Yard, tinha falado com um amigo seu, ainda no activo das forças policiais de Londres, George Pierce, que tinha sido contactado pelo Dr. Williams com vista a provar que a Dimensão Y seria útil no combate ao crime. Como o Inspector Pierce se revelara bastante incrédulo em relação a uma experiência que roçava a ficção científica, pediu a Battle que participasse na experiência. Se não fossem obtidos resultados, as forças policiais manteriam a sua credibilidade.

Já Rebecca é uma das patrocinadoras do projecto e, como tal, tem todo o direito a assistir aos frutos do trabalho do Dr. Williams. No último mês, o Dr. Williams, acérrimo amante de história e antiguidades, tinha visitado com bastante frequência a loja de Clive. Nada melhor que um antiquário para provar a validade da Dimensão Y como estudo do passado longínquo e da revelação de mistérios há muito insondáveis. Mas o que era ao certo a Dimensão Y? Naquela tarde fria de 6 de Fevereiro de 1935, os Investigadores estavam prestes a descobrir.

A Experiência
Ao final da tarde, quando o sol já desaparecia no horizonte e as sombras se alongavam, os Investigadores chegam ao laboratório do Dr. Williams, um antigo observatório de pequenas dimensões, recentemente renovado e adaptado, com uma ala nova que serve de aposentos ao Dr. Williams e à sua esposa. Os investigadores são recebidos num ambiente relativamente informal. Williams demonstra um estado de agitação e nervosismo que sugere grande ansiedade em relação à experiência, de tal modo que se esquece de fazer as apresentações.

Na sala de estar, onde foi montada uma mesa com aperitivos e bebidas, um grupo reservado de pessoas reune-se para testemunhar, pela primeira vez, os resultados das experiências do Dr. Williams. Para além dos investigadores, aceitaram o convite o Dr. Harold Binder, o Dr. Alfred Sykes, o Dr. Robert Steber e Lady Eulalie Finch que Rebecca reconhece de imediato como uma figura da alta sociedade e filantropa, sem dúvida a fonte financeira do Dr. Williams, tal como Rebecca. Elle, a esposa do Dr. Williams, serve canapés, a simpatia em pessoa, em contraste com o marido, reservado e nervoso. Battle sempre atento, observa os presentes, enquanto fuma o seu cachimbo. Acha Rebecca demasiado extrovertida. A rapariga apresenta-se aos presentes, demonstrando grande curiosidade em relação à presença deles ali.

Por fim, o Dr. Williams conduz os presentes através de uma porta, e uma escada até a uma cave de betão. No extremo oposto ao da porta, Williams montou um conjunto de equipamento electrónico, cujo componente central é um grande dispositivo semelhante a um projector de cinema. Antes do início da experiência, Williams apresenta o seu discurso onde exalta as vantagens da Dimensão Y que, segundo ele, é uma dimensão paralela criada pelas radiações emitidas pelo cérebro humano, onde os pensamentos e sonhos são cristalizados. Graças à Dimensão Y, as autoridades poderão ver as memórias das vítimas de crimes, os historiadores poderão ver as memórias de figuras histórias como Napoleão ou Júlio César e os alienistas (psiquiatras) poderão ver os sonhos dos seus pacientes. No final do discurso, Williams faz um gesto para que o seu assistente, David Fearn, ligue a máquina.

O som do equipamento aumenta gradualmente. Os pistões entram em funcionamento, arcos de electricidade saltam nas antenas e as engrenagens da máquina começam a rodar. A lente central da máquina projecta uma luz espectral para o centro da cave. Inesperadamente, algo começa a formar-se na extremidade da projecção, uma figura que se move, como uma imagem de cinema mas com profundidade. Para espanto de todos (excepto de Williams), as figuras tornam-se mais nítidas, estranhas formas biológicas movendo-se como bactérias sob um microscópio, mas a três dimensões. Depois, surge uma nova forma: um cubo brilhante e maravilhoso. E, no entanto, há algo de errado com o cubo: tem cinco lados.

O incómodo entre os presentes é notório. Lady Finch tem que ser segurada por um braço. Nesse instante, ouve-se uma explosão e a máquina desliga-se, envolta numa grande nuvem de fumo. O equipamento desliga-se. Constrangidos, Williams e o assistente examinam a máquina. Não há nada a fazer, o equipamento sofreu uma sobrecarga. Com o seu habitual nervosismo, Williams tenta assegurar que foi apenas um precalço e que, logo após a reparação da máquina, poderá demonstrar as aplicações prácticas da Dimensão Y. A sua grande preocupação é o golpe para a sua reputação visto que os académicos presentes confirmariam a validade das suas experiências. Embora a experiência não tenha sido bem sucedida, Rebecca garante a Williams que continuará a investir no projecto. Os presentes são levados até à saída por um Williams desiludido e nervoso. Cada investigador regressa à sua vida pessoal, inconscientes para o horror que se avizinha.

Pesadelos Não-euclidianos
A noite de Battle e Ashford é agitada. O detective privado sonha que a sua secretária, Miss Lemon lhe pede para tirar um dia de folga para visitar a mãe no lar mas Battle recusa. A rapariga então recebe uma terrível notícia por telefone. A mãe foi executada pelos enfermeiros do lar por não ter recebido a visita da sua filha. Battle acorda extremamente agitado. Ashford sonha que está atrasado para os anos do filho. Ao chegar a casa da ex-mulher, depara com o filho a ser levado por dois polícias para ser executado, já que o pai faltou à sua festa de aniversário. Os dois investigadores acordam de manhã com suores frios e uma noite mal dormida. Rebecca, por seu lado, tem um sono agitado por pesadelos dos quais apenas se recorda de imagens indistintas de bactérias a flutuar no ar em redor de um cubo.

Data: 7 de Fevereiro de 1935

A Morte de Lucy Vock
No dia seguinte, Battle recebe um telefonema deveras surpreendente. Williams lera no The Times dessa manhã a notícia sobre o homicídio de uma senhora da alta sociedade, Lucille Vock, morta pelo seu assistente David Fearn, que estivera presente durante a experiência. Preocupado pelas repercursões que o caso possa trazer em relação à máquina, Williams pede a Battle que investigue o caso para determinar se o homicídio foi, de algum modo, influenciado pela experiência do dia anterior. Ao desligar, Williams liga a todos os participantes da experiência para garantir que o caso está a ser resolvido e que não há motivo para preocupações. Mas os investigadores, curiosos por natureza, decidem investigar a fundo.

O Verdadeiro Culpado
Battle visita David na prisão, graças a um amigo na Scotland Yard. O jovem, alto e magro, de orelhas protuberantes, em mangas de camisa, tem um ar agitado e assustado. O detective tem alguma dificuldade em seguir a linha de raciocínio de David. Abertamente, David acusa a máquina do Dr. Williams de o ter levado a tal estado de loucura durante o jantar da noite anterior. Desde a experiência, admite David, a imagem do cubo tem-no atormentado. Ele diz não se recordar do que aconteceu. Num momento estava a jantar com os convidas, no momento seguinte, estava coberto de sangue, com um candelabro de prata ensaguentado e a pobre Lucy Vock debruçada sobre a mesa com o crâneo aberto. Interrogado por Battle quanto à razão da sua presença no jantar, sendo David obviamente de um estatudo social diferente dos restantes convivas, Davi responde que é amigo pessoal do Dr. Otto Vock, marido de Lucy Vock. Otto, um reputado alienista, saira da Alemanha para fugir ao regime Nazi e, antes de casar com Lucy, vivera algum tempo na pensão da mãe de David, sem posses, enquanto reconstruia a sua vida. Mais uma vez, David roga a Battle que investigue a máquina e a experiência do dia anterior. Algo se passou naquela cave e todos os presentes sentirão mais cedo ou mais tarde os efeitos. Não conseguindo evitar um arrepio, principalmente depois dos pesadelos da noite passada, Battle sai da prisão. Londres parece-lhe fria e escura.